2000: Big Brother, dia zero

Promete ser o mais polémico e arrebatador concurso de televisão de sempre e a TVI investiu nele para cima de um milhão de contos. O Big Brother faz hoje a sua antestreia, com um directo à volta do momento da entrada dos concorrentes na casa, a partir das 21 horas. É o tiro de partida para uma corrida implacável às audiências em que nenhuma televisão fica de fora.

A TVI gastou para cima de um milhão de contos só na produção do concurso Big Brother que hoje faz a sua antestreia, num programa de duas horas que vai para o ar a partir das 21h. Será o momento em que os portugueses vão conhecer os dez cidadãos que se propuseram passar 120 dias dentro de uma casa isolada do mundo, onde todos os gestos são filmados, todos os sons ouvidos, toda a vida observada. Os cinco homens e as cinco mulheres que a produtora Endemol seleccionou de um exército de candidatos que rondou os quatro mil têm entre 20 e 35 anos, são heterossexuais, uns fumam outros não, são solteiros e casados, estão todos "perfeitamente conscientes" do que vai ser a sua vida nos próximos quatro meses, como confirmou a psicóloga de serviço, Isabel Leal.

A TVI exibirá quatro pontos da situação diários para o pequeno ecrã. Na Internet, a observação será permanente: o "site" do concurso (acessível através do www.iol.tvi.pt) será uma sentinela incansável do interior da casa.A TVI exibe hoje uma resenha em pequenos filmes vídeo, estilo caseiro, de cada um dos hóspedes e encena uma coreografia apoteótica para o momento da entrada dos dez concorrentes na casa, de onde só sairão quando o vaticínio das audiências assim o ordenar. O primeiro do grupo abandonará as instalações dentro de duas semanas, os outros segui-lo-ão ao mesmo ritmo, até não restarem mais do que três inquilinos na casa, já o Natal terá passado e o fim do século se encontrará a horas de distância.

Será no dia 30 de Dezembro, quando o público eliminar o antepenúltimo dos concorrentes e, duas horas depois, o vencedor for anunciado que o concurso chega ao fim. Um cheque gigante de 20 mil contos, patrocinado por um banco, e um carro novo em folha aguardarão o totalista, que terá de enfrentar, a julgar pelo que aconteceu em anteriores versões, um mundo disposto a glorificá-lo.

Enquanto a TVI se lança naquela que é, seguramente, a sua maior aposta na área da programação, SIC e RTP desdobram-se em tentativas para encontrar anticorpos para o Big Brother. A SIC preparou para hoje e amanhã uma emissão temática dedicada à saúde, para além de uma mão-cheia de estreias. Amanhã, o primeiro dia de vida do Big Brother, o canal de Carnaxide estreia o concurso A Febre do Dinheiro, com Carlos Cruz, que oferece até 100 mil contos de prémio aos concorrentes - o dobro do que o célebre Quem Quer Ser Milionário, da RTP, a regressar a 18, tem para oferecer. Mas isto não é tudo. A partir de amanhã, os Dot's regressam a Portugal e voltam a marcar lugar cativo nas grelhas de programação da SIC, desta feita para durar quatro meses, com prémios redobrados e programas diários. Além disso, estreia duas novas telenovelas, Aguarela do Brasil e História de Amor, a juntar às outras três já em exibição.

A RTP, por seu lado, a braços com o exclusivo dos Jogos Olímpicos e com a Liga dos Campeões, fica com pouco espaço de manobra. Só estes dois acontecimentos desportivos ocupar-lhe-ão 19 horas diárias de programas nas grelhas da 1 e da 2. Mesmo assim, está prevista a estreia de um outro concurso com Cristina Mohler (Quebra-Cabeças, de seu nome) e de um conjunto de séries nacionais de ficção, como o Conde de Abranhos e A Febre do Ouro Negro, para além de um nova telenovela portuguesa, Ajuste de Contas. O Big Brother é uma aposta que a TVI não se pode dar ao luxo de perder. Portanto, acompanha-o com mais dois concursos, um diário (Dinheiro à Vista, com Luísa Castel-Branco e uns 40 mil contos em prémios) e um semanal (Tic Tac Milionário, com Carlos Ribeiro, a distribuir 150 mil contos por sessão).

A isto soma um novo impulso na informação, com Manuela Moura Guedes na linha da frente, a apresentar o bloco noticioso da noite, para além de estar já a planear a exibição daquele que foi o sucesso de Verão nos Estados Unidos, o concurso Survivor. A RTP é quem se posiciona numa perspectiva menos competitiva na linha de partida. A estação pública quer reformular a sua informação, criar dinâmicas e desenvolver agilidades há muito perdidas, numa óptica mais alternativa e menos combativa. O que deixa TVI e SIC entregues a um confronto que promete ser sem tréguas nos próximos meses.

A título de curiosidade, nos seus primeiros dias, o programa não conseguia liderar face à SIC, exceto na gala de estreia, sendo que depois a SIC tentou 'desvirtuar' os resultados que a TVI lançou sobre a liderança do programa. Só mesmo com o pontapé do Marco que o programa disparou.